domingo, 13 de fevereiro de 2011

General Heleno - o Grande ‘Patriota’

* Hiram Reis e Silva - Segunda-feira, 12 de maio de 2008

“A política indigenista está dissociada da história brasileira e tem de ser revista urgentemente. Não sou contra os órgãos do setor. Quero me associar para rever uma política que não deu certo; é só ir lá para ver que é lamentável, para não dizer caótica.”
(General de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira)


- General Heleno

O General de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-Comandante Militar da Amazônia é um oficial tríplice coroado, que significa, ter se classificado em primeiro lugar de sua turma na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), uma prerrogativa rara, alcançada apenas por aqueles que possuem uma inteligência privilegiada.

O general foi Assessor Parlamentar e chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (CComSEx), angariando, graças à sua conduta afável e franca, o respeito e estima de parlamentares e jornalistas, foi ainda o chefe do gabinete do Comandante do Exército e primeiro comandante da Força de Paz da ONU no Haiti, onde passou 15 meses combatendo gangues na linha frente, realizando operações, bem sucedidas, para eliminar o crime organizado no pequeno país caribenho.

- A Entrevista

No domingo, dia 06 de abril, o programa ‘Canal Livre’, da Rede Bandeirantes, entrevistou o Comandante Militar da Amazônia.

“O general Augusto Heleno, que comanda a Amazônia e conhece profundamente a sua desprezada realidade, deixou os seminários (ontem esteve participando de um no Clube Militar) e foi para a televisão, assombrando a todos pelo conhecimento pessoal e o desconhecimento de muitas autoridades”. (Tribuna 18/04/08 - Helio Fernandes)

Exército na Amazônia: “Temos um efetivo de 25 mil militares e basicamente duas estratégias: a presença, com 28 organizações militares, e a dissuasão, baseada na nossa capacidade de combate e intervenção. Temos o melhor combatente de selva do mundo. Nossos soldados e cabos são locais e totalmente adaptados. A selva só é aliada de quem a conhece bem. Para quem não é íntimo pode haver surpresas desagradáveis”.

Fronteira: “São 11,5 mil quilômetros, quase cinco vezes a fronteira do México com os Estados Unidos e com características de selva em grande parte dela. Thomas Shannon (secretário assistente de Estado norte-americano) admitiu que nem mesmo eles conseguem controlar totalmente a fronteira. Isso com toda a tecnologia e meios que têm (...) Para nós é muito difícil, mas hoje temos um sistema de vigilância bastante efetivo e nossas organizações estão nas calhas dos principais rios penetrantes. Do ponto de vista militar é eficiente. Do ponto de vista do controle de tráfico e entrada de armas temos de melhorar muito”.

Efetivo: “Todo mundo sempre quer mais homens, mas hoje essa não é a prioridade. Não adianta aumentar o efetivo e agravar os problemas. Na selva, isso significa servidão logística, custa caro. Aspiramos a equipamento modernizado e meios de transporte com agilidade e flexibilidade compatíveis com a Amazônia. O que queremos, o mais rápido possível, é que as promessas de reaparelhamento sejam cumpridas”.

Equipamento: “Temos alguns pontos que merecem consideração. Nosso fuzil é de 1964. Temos deficiência de energia e sérios problemas de transporte. Há pelotões que não têm luz e outros que não têm água potável”.

Internacionalização: “Há, sim, e acho que isso tem que ser levado a sério. Há hoje uma teoria intervencionista que justifica certas ações pelo mundo. É preciso atenção. Ainda somos bastante precários em termos de conhecimento de potencial da Amazônia. A sociedade precisa escolher entre o desenvolvimento sustentável ou um crescimento aleatório em que o ilícito é comum e admitido”.

Organizações não-governamentais: “Muitas fazem um trabalho muito meritório e importante, mas há também várias que são organizações de fachada, de gente que não tem nenhum compromisso com o Brasil. Elas são organizações que substituem o Estado. Diante da potencialidade da Amazônia, causa estranheza o número de ONGs na região. Se alguma ONG começa a questionar presença das Forças Armadas e pregar a exclusão de alguns territórios do país, é problema nosso”.

Indígenas: “É o maior problema da Amazônia. Não há uma unidade de pensamento. As opiniões e doutrinas são as mais diversas possíveis. É algo que também precisa ser tratado com muita urgência”.

Política Indigenista “A política indigenista está dissociada da história brasileira e tem de ser revista urgentemente. Não sou contra os órgãos do setor. Quero me associar para rever uma política que não deu certo; é só ir lá para ver que é lamentável, para não dizer caótica.”

Esquerda Escocesa “Até porque não sou da esquerda escocesa que, atrás de um copo de uísque 12 anos, aqui sentado na Avenida Atlântica, resolve os problemas do Brasil inteiro. Eu não estou na esquerda escocesa. Eu estou lá. Já visitei mais de 15 comunidades indígenas. Estou vendo o problema do índio. Ninguém está me contando como é que é o índio, não estou vendo índio no cinema, não estou vendo índio no Globo Repórter. Estou vendo índio lá, na ponta da linha, e sofrendo com o que está acontecendo.”

- A vingança de Lula

Lula não perdoa quem o desafia, e destila seu revanchismo histórico contra o General que criticou sua política indigenista. O General Heleno será exonerado do Comando Militar da Amazônia e deverá assumir uma função burocrática no Ministério da Defesa, em Brasília. A ação torpe e vingativa do ministro da Defesa, Nelson Jobim, obedecendo às ordens de Lula, foi tomada na calada da noite como são normalmente tomadas as decisões dos vendilhões da pátria e atinge em cheio o General brasileiro que tem, hoje, a maior experiência em combate.

O próximo da lista deve ser o comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, sediada em Boa Vista, general de brigada Eliéser Girão Monteiro Filho, que recebeu, no auditório do 7º BIS, manifestantes, liderados pelo deputado Márcio Junqueira que protestavam repudiando as ações da Polícia Federal, do presidente Lula e do ministro da Justiça, Tarso Genro.

Aproveitando o lançamento do Plano Amazônia Sustentável, dia 8 de maio, Lula elogiou o “patriotismo dos índios” afirmando: “Quem é que um dia ousou dizer que nossos índios faziam o país correr o risco de perder sua soberania porque estão em lugares muitos deles fronteiriços com o Brasil? É só ir a São Gabriel da Cachoeira (AM) que a gente vai perceber que grande parte dos militares são índios que estão vestindo a roupa verde e amarela das nossas Forças Armadas”.

- Forjando um Mito

O resultado de mais este imbróglio governamental foi a apresentação à nação brasileira da figura irretocável de um verdadeiro Patriota. O General Heleno, carismático, chefe e líder é o amálgama que falta para unir a Nação e as Forças Armadas e talvez, por isso, o medo do planalto. Presidente, chefes se impõem, mas os líderes são escolhidos por seus valores morais. O senhor pode exonerar o chefe, mas não o líder. Para a nação brasileira o General Heleno agrega, sob sua figura, àqueles que foram talhados e forjados no dever, na honra, na dignidade e no patriotismo, coisas que o senhor e sua camarilha desconhecem.

- Conclusão

O Exército Brasileiro, senhor presidente, não serve a governos e sim ao Estado, segundo prescreve a Constituição da República. Talvez o senhor e alguns e dos seus ministros tenham se identificado com o que o general classificou de a “esquerda escocesa” e por isso sua revolta. A verdade incomoda, senhor presidente, e a figura altaneira e cheia de virtudes do General Heleno, certamente, intimidaram seus Ministros de Estado, membros do primeiro escalão do Governo e Congressistas envolvidos em inúmeros casos de corrupção. Curiosamente, senhor presidente, estes foram defendidos, publicamente, por vossa excelência e quando o general Heleno declara publicamente aquilo que todos sabem, o senhor e seus seguidores consideram isto um ato de indisciplina.

A Nação gostaria de saber, senhor presidente, porque todos estes corruptos, os bandidos do MST, LCD e tantos outros são ouvidos e tratados pelo senhor com tanta cortesia enquanto os membros das Forças Armadas são tratados com descaso e revanchismo?


* Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva - professor do CMPA (Colégio Militar de Porto Alegre)

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